A expansão das agroflorestas na Bahia, adaptadas a diferentes biomas e focadas na recuperação de áreas degradadas com enriquecimento do solo, tem gerado debates. Este sistema promove a produção de alimentos livres de agrotóxicos, captura carbono e enriquece constantemente o solo. Embora ainda sem números oficiais, a prática está se expandindo no estado e integra algumas ações do Plano ABC+ Bahia.
1º Seminário Estadual de Agrofloresta da Bahia
Com o tema “Construindo Diretrizes de Políticas Públicas para Agrofloresta”, o 1º Seminário Estadual de Agrofloresta da Bahia ocorreu em Poções no início deste mês. O evento reuniu agrofloresteiros, pesquisadores e representantes de órgãos governamentais de diferentes esferas. A abertura contou com a participação de Ernest Götsch, criador da agricultura sintrópica, um sistema avançado de agrofloresta que promove harmonia e respeito entre humanos e a natureza.
Durante o encontro, houve uma feira de troca de sementes e intercâmbio de experiências entre produtores. O evento foi organizado pela Rede Baiana de Agroflorestas (RBA) e teve apoio de várias entidades. O objetivo foi discutir ações para ampliar as áreas de agrofloresta e unir forças com outros organismos de pautas semelhantes.
Nelson Araújo, coordenador da RBA, destacou que o seminário foi um sucesso, com a participação de universidades, escolas técnicas e secretarias do estado, como a Secti e a SDR, além de entidades como a Embrapa. Segundo Araújo, o evento promoveu um clima de irmandade entre os agrofloresteiros baianos e evidenciou a prática como solução para problemas sociais, econômicos e ambientais.
Transformação de Debates em Políticas Públicas
Os debates estão sendo transformados em relatórios que subsidiarão a criação de políticas públicas específicas para estimular a transição dos produtores para o modelo agroflorestal. Um próximo seminário está previsto para novembro, com foco na discussão técnico-científica do sistema produtivo, importante para a recuperação de bacias hidrográficas e combate ao aquecimento global.
Mudança de Visão
Nelson Araújo enfatizou a importância do Plano ABC+ Bahia, lançado em junho, que promove a agropecuária sustentável e apoia a causa da RBA. No entanto, ele destaca a necessidade de mudar do modelo de monoculturas de exportação para um sistema natural de produção de alimentos saudáveis.
Experiência de Ernest Götsch
Ernest Götsch, referência entre agrofloresteiros, está no Brasil há 42 anos e transformou uma área degradada em Piraí do Norte em um exemplo mundial de agricultura sintrópica. Sua propriedade, Fazenda Olhos D’Água, possui 480 hectares reflorestados e é modelo de produção de cacau especial e diversos alimentos livres de agrotóxicos.
Götsch acredita que é necessário mudar a forma de pensar e interagir com a terra para que todos os envolvidos se beneficiem. Ele também defende a educação ambiental desde a infância e a valorização do saber como insumo principal para a alta produtividade e sustentabilidade.
Conclusão
O seminário em Poções representou um avanço significativo na organização dos agrofloresteiros baianos e no desenvolvimento de políticas públicas para a expansão das agroflorestas na Bahia. A agrofloresta é vista como um modelo promissor para a produção sustentável de alimentos e a recuperação de áreas degradadas, contribuindo para a preservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico da região.