Os estragos provocados pelas enchentes no setor agropecuário do Rio Grande do Sul já ultrapassam a marca dos R$ 1,26 bilhão, conforme relatório divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) em 10 de maio. A agricultura foi duramente atingida, registrando perdas de R$ 1,2 bilhão, enquanto os danos na pecuária já alcançam R$ 64 milhões.
Contudo, essas cifras são parciais e estão em constante atualização, dado que alguns municípios ainda não conseguiram contabilizar e reportar todos os prejuízos à CNM – a última atualização foi realizada no domingo anterior, dia 12. No total, 446 municípios foram afetados, com 397 deles tendo seu estado de calamidade pública reconhecido pelo governo federal.
Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Fedearroz), descreve o impacto severo nas plantações de arroz, principal cultura agrícola do estado, responsável por 70% da produção nacional. Ele relata perdas de plantações e equipamentos agrícolas, enfatizando a tristeza diante da situação.
Embora 84% da área cultivada tenha sido colhida antes das enchentes, o restante foi comprometido, resultando em uma estimativa de safra de 7,150 milhões de toneladas para 2023/2024, uma redução de 1,24% em relação à safra anterior. Para mitigar esses prejuízos, o governo federal autorizou a importação de até 1 milhão de toneladas de arroz pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com foco na venda para pequenos varejistas das regiões metropolitanas.
A Associação Brasileira de Produtores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) observou danos às plantações de frutas devido à umidade excessiva do solo. No entanto, a colheita de maçã, responsável por 45% da produção nacional, já foi concluída em 97%.
A soja, segunda maior cultura do estado, também sofreu graves consequências, com 30% da área cultivada comprometida pelas chuvas, equivalente a 2 milhões de hectares, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja).
Rogério Kerber, presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal do Rio Grande do Sul (Fundesa) e diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (SIPS), destaca os prejuízos na região central do estado, onde as enchentes danificaram estradas e infraestrutura, afetando a produção de proteína animal e causando impactos sociais significativos.