A adoção de novas tecnologias está revolucionando a cadeia produtiva da silvicultura na Bahia. Sensores e softwares de monitoramento estão sendo implementados para controlar indicadores essenciais no plantio de eucalipto, que representa 94% da produção florestal do estado. Essas inovações, recentemente destacadas pela Veracel, uma indústria de celulose no sul da Bahia, visam evitar o desperdício de recursos naturais.
A Veracel introduziu um sistema de monitoramento para seu viveiro de mudas, utilizando sensores para coletar e analisar dados cruciais ao crescimento das plantas, como temperatura, umidade e volume de água para irrigação. Esse controle garante a estabilidade da produção, independentemente das condições climáticas. O sistema opera na plataforma Plant Information Management System (PIMS), permitindo monitoramento em tempo real.
Wilson Andrade, presidente da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF), ressalta que a tecnologia é fundamental para manter a competitividade do setor. “A madeira está cada vez mais produtiva. Produzíamos 12 m³ ou 13 m³ por hectare ao ano, e hoje chegamos a 40 ou 50 m³ por hectare graças a novos estudos”, diz Andrade.
Ihanny Matos Cordeiro Lima, gerente de Silvicultura da Veracel, destaca que o PIMS facilita o sucesso produtivo através de alertas instantâneos e correção rápida de desvios, assegurando a estabilidade do processo de produção. “O viveiro mantém um estoque mensal de aproximadamente quatro milhões de mudas em diferentes idades, sendo crucial o controle desde o início da produção até a expedição para o plantio”, comenta Ihanny.
Além de aumentar a produção, as novas tecnologias permitem decisões mais sustentáveis, como a redução no consumo de água e na emissão de gases nocivos. “Usávamos muita água para processar madeira, hoje usamos quase nada. Toda a água captada das barragens e rios volta mais limpa”, afirma Andrade. Empresas como Suzano, Veracel e Bracell estão utilizando matérias-primas renováveis para gerar energia elétrica, demonstrando um compromisso com a sustentabilidade.
A Bracell utiliza um sistema de monitoramento via satélite para calcular a quantidade de gases de efeito estufa em suas florestas, permitindo ações de recuperação ambiental e aumento da capacidade de absorção de CO₂.
Em nível nacional, a silvicultura tem passado por uma modernização significativa. Erich Schaitza, pesquisador da Embrapa, destaca o uso de geotecnologias para planejamento do uso do solo e processos ecológicos. Essas tecnologias são aplicadas não apenas em plantações de eucalipto, mas também em outras árvores como castanheiras, cumarus e açaí, facilitando o mapeamento de espécies através de drones equipados com câmeras.
Schaitza também menciona o impacto positivo na modernização dos empregos no setor florestal. “Substituímos as motosserras por grandes tratores, mudando o perfil do trabalhador para operadores de máquinas, que ganham mais e fazem a manutenção das máquinas”, conclui.